segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

O homem que engarrafava nuvens


Vi o filme O homem que engarrafava nuvens de Lírio Ferreira, é um documentário na minha opinião, excelente, pois parece haver um equilíbrio estético em uma montagem muito precisa de imagens de arquivo do compositor Humberto Teixeira (o inventor, ou um dos inventores do baião, o filme é sobre o compositor), imagens captadas com depoimentos da filha dele que aparece em momentos chave no filme ( ela fala da sua relação com o pai), entrevistas com cantores amigos e pessoas que foram intimas do compositor, trechos de filmes clássicos do cinema brasileiro (principalmente os da época da chanchada e o clássico O cangaceiro de Lima Barreto), além de animações com desenho em estilo de cordel muito simples e belas. Somente próximo ao final do filme em que há trechos de artistas como Gal Costa, Chico Buarque e outros que, ao meu ver, o filme perde um pouco o foco do seu personagem principal, esses trechos são um tanto cansativos. Porém, o filme em seu todo é ótimo, eu sai do cinema realmente animado e empolgado ao saber melhor sobre esse compositor e o estilo de música que criou. As sobreposições no começo e no final do filme em que vemos a imagem do compositor mesclada a outra do sertão num travelling é muito bonita, parece uma imagem da memória, lembram o passado, a vida do compositor,como se fosse um resgate de sua memória. O filme constrói uma "montagem experimental de arquivo" com momentos brilhantes e vivos. Já no filme sobre Cartola Ferreira mostrava seu talento como documentarista.

terça-feira, 11 de novembro de 2008

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Fay Grim





Hoje vi Fay Grim do Hal Hartley, ótimo filme pra quem gosta de ação, um toque de comedia, enquadramentos "autorais" e uma boa edição baseada na narrativa alternada das ações. Os enquadramentos são muitas vezes construídos com uma angulação "torta" que não seguem uma linha de um eixo horizontal (do chão), a câmera é colocada com ângulos diferentes dos convencionais (geralmente, quando o piso não é irregular 90°) o que cria uma sensação de estranheza, porém os personagens ficam equilibrados nos quadros, é come se virassemos a cabeça de lado para ver uma pessoa, as linhas do que compõem o cenárioquase sempre na parte das bordas do quadro formam ângulos creio que de uns 30° em relação ao eixo da câmera, o que confere aos enquadramentos muita elegância, sendo uma marca de Hartley.
Já a historia é sobre uma mulher que procura seu ex-marido Henry, que envia objetos estranhos para seu filho com Fay (Ned Grim). Um dos objetos é uma espécie caixa "mágica" em que gira-se uma alavanca e se vê coisas, no caso cenas de sexo dentro da caixa, Ned vê as cenas e acaba se envolvendo em problemas na escola por mostrar a caixa pra meninas e se envolver secxualmente com elas dentro da escola. Aos poucos os personagens descobrem que há uma mensagem por traz das cenas da caixa, ajudado por um padre (pensavam que era latina), por um rabino e por um religioso islâmico acabam descobrindo que há algumas palavras em turco, e as imagens são de um harén. O subtexto religioso e político fazem parte da trama e de uma visão irônica sobre o fanatismo religioso e o intervencionismo americano. Um agente americano Fullbright interroga Fay sobre seu ex-marido Henry, e ela descobre que Henry havia escrito um livro sobre sua passagem pela américa latina através do editor Angus, e descobre que ele foi um agente da cia, mas que depois havia se juntado aos terroristas islamicos , e que estava vivo. E em seu lugar havia sido preso o escritor Simom Grim, por causa de seu livro que deixaria pistas sobre satélites americanos. Não contarei toda a história integral, vou resumir e não contar o final. Então, Fay Grim viaja para Paris e conhece um homem chamado André que é um terrorista árabe, e tb é seguida por uma mulher terrorista israelense ortodoxa, tb é seguida por Fullbright, com o qual tem contato. A trama começa a esquentar mais do meio para o final do filme, então ficamos mais envolvidos com a personagem de Fay (Parker Posey) que além de bonita, elegante e bem interpretada a medida que se "envolve" com o terrorismo para achar seu marido passa a ser uma mulher muito corajosa , descobre-se que seu marido é amigo de um chefão da jihad islâmica. O filme trata sobre espionagem, e de um certo modo satiriza e coloca em evidência temas como os golpes militares na américa do sul, a guerra entre Russia e Afeganistão e o envolvimento dos EUA com esses conflitos, mas as ações se passam nos dias atuais, e é aparente o questionamento sobre a guerrra contra o terrorismo deBush. O filme consegue mostrar que essas ações são de terroristas e agentes americanos são vazias de sentido em si mesmas. Como quando a personagem Bebe K. acaba sendo alvejada por um policial na Turquia, local onde se encontra o marido de Fay e onde termina o filme.
Não vi o filme de 1997 As Confissões de Henry Fool do Hartley, mas soube que esse filme é uma espécie de continuação deste, que envolve os personagens de Henry e Fay (informações do site omelete e cinética). Tb nesses sites encontro a informação que Parker Poser foi uma musa do cinema indie americano, não sei sobre esse cinema indie, mas parece, segundoa cinética o cinema americano independente do início da década de 90, ai se inclui Hal Hartley. Mas mesmo sendo musa em outros tempos nesse filme Parker realmente é muito talentosa na interpretação de Fay.
Bom, o filme vale muito a pena. Hal Hartley Cineasta americano figura importante do cinema independente dos EUA nos anos 90 fez um ótimo trabalho tb nesse filme. Algumas cenas de ação e embates entre os agentes, terroristas e Fay, são feitas com seqüências de fotografias editadas com cortes rapídos, são simples e funcionam bem na ação, pois a imagem fotográfica fica marcada pelos movimentos da personagem, os chamados borrões, que são criados quando se fotografa com uma velocidade baixa de abertura e fechamento do obturador. No começo do filme alternam-se créditos com fotografias da bela Fay que se movimenta, movimento esse que provoca os borrões que se assemelham ao "flou" de quadros impressionistas. O humor colocado de forma sútil nas cenas é muito bom, como por exemplo no momento em que Fay e Bebe (que ainda não se conhecem, mas que se olham) estão no banheiro e um celular escondido toca e Bebe grita de pavor. Simples e elegante.

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Dias frios e escolhas.

Fico aqui pensando: dias frios são necessários? Tudo bem que muitas vezes vc está naquele calor, num dia lindo, mas de repente vê que mesmo assim não está bem, há algo que o angustia, então tudo isso vira mero cenário. Agora os dias frios, muitas vezes trazem ou provocam tristeza, e geralmente isso ocorre (comigo) quando não temos ninguém para nos acolher e dizer pra que lado vamos, com o clima às vezes pensamos: nossa que tristeza! Será que os europeus pensam assim tb? Por que eles vivem o frio durante a maior parte do ano, bom, não sei, não tenho amigos europeus. A dúvida entre ter um alguém ou ficar sozinho traz angustia e frio, a indecisão é um porão escuro em que vc precisa escolher uma saída, mas não vê as coisas claramente, os sentimentos parecem que têm vontade própria, vão e vem e não te avisam. Bom, não sei como resolver essas coisas, mas tenho certeza que a vida tem e sempre terá esses momentos, como diz Van Gogh " A miséria não tem fim", isso porque ele nem chegou a conhecer uma favela no Brasil. rss. Fim de papo! Mas não de frio. rss

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Fragmento de um filme em uma noite insone

O mês de outubro começou e pra mim começou com insônia, na noite anterior dormi até às 3hs da manhã, depois acordei. Nesse tempo vi um filme que passava na rede globo, se chamava Grandes esperanças(1998) de Alfonso Cuarón, peguei ele no meio, mas deu pra notar mais ou menos a história do filme, o ator Ethan Hawke era um desenhista que conseguiu sucesso no meio artístico, no começo da parte que vi tinha uma cena com Gwyneth Paltrow sendo desenhada nua, depois o artista aparece em uma vernisssage de seus trabalhos e entre uma conversa com um curador importante aparece um amigo do artista que bem louco derruba uma bandeja. Depois aparece o Robert De Niro de barba longa, parecendo um mendigo de terno, ele está fugindo de uns caras e entra na casa do artista, então percebemos que os dois se conheciam, inclusive há uma tela com desenho do rosto do personagem de De Niro. O artista o ajuda em sua fuga, ambos vão até o metrô, mas os caras os seguem e dentro do metrô um deles esfaqueia De Niro, e pouco antes de morrer ele revela que ajudou o rapaz a se tornar um artista famoso (pois parece que antes ele tinha poucos recusros finaceiros), e que foi ele que comprou todas as telas da exposição e mostra um antigo livro de desenhos do artista, essa cena é muito boa, por causa do De Niro. Mas o final do filme acaba com tudo, pois é claro que o artista reencontra sua musa (que havia casado com outro) e eles vivem "felizes para sempre". Pulei algumas cenas nessa descrição. Mas esse final realmente foi frustrante. E o engraçado é que muitos filmes sobre artistas acabam caindo em clichês: "o artista e sua musa" ( e o final feliz), o artista o loucão, etc. Já num filme curto de Scorsese da colêtanea contos de Nova York, essa relação (artista musa) é explorada de forma mais interessante, é mais "ambígua", pois, nesse curta, o artista é apaixonado pela garota, mas ela parece estar com ele só por achar que tb pode pintar bem, e participar das vernissages bacanas e cheias de glamour e caviar. Esse curta se chama Lições de vida e o artista é interpretado por Nick Nolte (esse ator sim é bem loucão, rsss), em minha concepção é muito bom. Mas não sei se posso criticar tanto esse filme que vi natv, pois peguei ele quase no meio, mas o que valeu foi ver o personagem de De Niro, muito misterioso e meio louco, por isso valeu assistir. Quanto ao título: Grandes esperanças, foi como uma oposição ao que eu sentia na noite insone. Aaa, acabei de ver que esse filme é uma refilmagem de um outro antigo, com o mesmo nome e dirigido por David Lean, ainda não vi esse.

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Estar preparado.

O que é estar preparado para o mundo?
É saber inglês fluente?
É saber mentir sem que descubram?
É deixar que pensem que desconhece assuntos?
É ser cara de pau?
É não esperar nada de ninguém, nem de seus amigos mais próximos?
É sempre ser esperto no trabalho?
É bajular as pessoas de quem precisa?
É manter enjaulado o coração?
É fingir que não se preocupa com críticas?
É tratar bem os cachorros e ridicularizar as pessoas?
É pagar todas as contas e os juros?
É nascer com as coisas todas prontas ao seu redor?
O que é estar preparado para o mundo de competição, hipocrisia e risos do fracasso alheio?
Estar preparado para o mundo e suas entrevistas hoje em dia quer dizer seja racional sendo irracional e fingindo acreditar em valores e bolsa de valores.

quarta-feira, 24 de setembro de 2008